Palavras

Eu não tenho inspiração pra compor uma musica bonita nem tão pouco um livro com nossos contos. Não te dou todas aquelas ligações e torpedos que você tanto queria, nem talvez tenho carregado em mim sorrisos eternos. Talvez até palavras me falte.
Faltam-me desculpas quando te faço chorar e me faltam saudades..Até conversas às vezes me falta. Talvez o que não me falte seja o reconhecimento.
Reconheço que você é de mais pra mim,
Me desmereço por sua dedicação em deixar tudo nos conformes, exatamente como eu quero.
Admito! Eu gosto de me manter por trás desse muro que me cerca e me faz não envolver-me.
Talvez isso soe poesia, poema ou até canção e ainda sim, rimas não bastariam.
E ainda sim palavras me faltariam. Faltaram-me todas aquelas vezes em que me perguntou, quando te desmereci, "o que é relacionamento pra você?". Vieram-me respostas, se foram e voltaram outra vez, mas aquela parede se reergueu e palavras me careceram.
Se quer mesmo saber, não há escassez de palavras e sim de coragem, coragem pra admitir que você é tudo pra mim, que eu estava mesmo falando sério quando disse que independente de qualquer coisa eu não vou te deixar.Por mais humana que eu seja, a eternidade que com você almejo é mesmo divina. Eu amo você, e não me faltaria palavras pra enumerar motivos que explicam o quanto tenho medo de ficar sem você e viver, demasiadamente, sem palavras.

É preciso ter foco!

   

O diferente sempre atraiu uma atenção especial das pessoas, como não se bastasse, as corriqueiras tb. Um casal andando de mãos dadas na rua é algo bem cotidiano, mas... e se forem dois velhinhos? Quando isso acontece tem sempre alguém próximo que olha, sorri e pensa: Nossa, qual será o segredo? Como eles conseguem?
   A rotina quebra o limite estabelecido entre o normal e o natural.
Normal é, casais fazerem juras de amor eterno até o limite de um ano juntos, o natural é após esse período andarem na calçada a um metro de distancia, e se possível for, um metro e meio.
   O homem natural existe a partir do momento que ele se define dono de suas ações...
O natural da sociedade é imposto por modismos, o que todos são no momento e o q é mais aceito e adotado. Não se define apenas como cultura do corpo, é a cultura da vida, uma ditadura humanística.
E tchanram, advinha? A sociedade estabeleu o que é relacionamento de fato,  aquele que termina sempre em divorcio e os psicólogos aconselham os filhos a aceitarem, "porque nos dias de hoje isso é normal", "se possível façam um abaixo assinado pra que se separem por maior numero de assinaturas". É isso aí... Ninguém escolhe, pra se viver aqui é preciso aceitar a realidade. (Mentira!)
Os valores são os mesmos de quando se vivia 100 anos amando e andando de mãos dadas com a mesma pessoa e os filhos temiam que a família se desfizesse. O amor ainda é aquele sentimento indefinido e indissolúvel e os humanos se concentram em suas fortalezas. A diferença é que as pessoas não cediam fácil a teorias estabelecidas pela "sociedade". Tais teorias podem mudar o mundo, mas não o seu mundo, nosso mundo.
E pra se viver aqui é preciso ter foco.

"Se eles dão a você papel pautado, escreva do outro lado."

E.E.Cummings

A arte do desapego

É incrível como na maioria das vezes o amor é significado de posse, não necessariamente o amor, mas a perda dele. A prioridade dada é tamanha que o medo de perder é ainda maior, e esse medo acaba fazendo com que as ações compulsoriamente sejam mantidas 24horas por dia pra se ter a garantia de que a pessoa permanecerá lá, sobre o mais lindo pedestal, brilhante e polido.
Com o tempo a gente acaba percebendo que aquelas 24 ligações perdidas dão sentido a palavra PERDIDAS e se fosse mesmo pra atender, no Maximo 12 delas bastaria. Que não compensa fazer a dedicação ultrapassar a liberdade do outro.
Descartes esclarece bem isso, declara que quando uma alternativa parece ser verdadeira é mais fácil escolher essa alternativa,
"age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas em escolha."
A falta de liberdade aprisiona as mais diversas escolhas, é a certeza de ser pior e a incerteza de infringir leis impostas por nós mesmos. A ninguém é permitido ser escravo de um padrão ou época, se assim fosse o processo de mudança do mundo e dos séculos não seria tão intenso.
É, por isso, tão necessário que deixemos voar um pouco do nosso amor na certeza de respeitar cada espaço cedido e aquela pontinha de saudade presa no bico.

"Se estamos todos muito bem preparados para reclamar liberdade para nós próprios, menos dispostos parecemos para reclamar sobretudo liberdade para os outros ou para lhes conceder a liberdade que está em nosso próprio poder; se conhecêssemos melhor a máquina do mundo, talvez descobríssemos que muita tirania se estabelece fora de nós como se fosse a projeção ou como sendo realmente a projeção das linhas autocráticas que temos dentro de nós; primeiro oprimimos, depois nos oprimem; no fundo, quase sempre nos queixamos dos ditadores que nós mesmos somos para os outros; e até para nós próprios, reprimindo todas as tendências que nos parecem pouco sociais ou pouco lucrativas, desejando muito que os outros nos vejam como simples, bem ajustados, facilmente etiquetáveis." Agostinho da Silva

Nervos a flor da pele

...e juro que hoje senti meu coração bater dentro do estômago, parece que se tornaram mais que amigos. É tão difícil manter essa fortaleza, fingir que estou amando tudo, enquanto o que mais quero é gritar e chorar feito a menininha do papai, moldar com minhas próprias mãos o que está tão distante delas. Não posso perder o foco, não posso perder o foco, ja cansei de escutar o eco de meus pensamentos dizerem isso a todo tempo. Hoje quase fui ao limite, mas ainda sim posso ouvir: Não posso perder o foco.

Tempos que não voltam jamais.

Uma infinidade de pessoas vem e se vão, por tudo e por nada, simplesmente o tempo as levam sem justificar por quê? Como costumo citar em alguns contextos: o mundo gira e a cada volta seguimos o curso inevitável da vida. O que não é inevitável são as lembranças. Pra se ter lembranças é preciso esquecer? Por mais desastres e amores que tenha havido, não sei por que, mas geralmente a maioria das lembranças possuem pleno vigor.

Amigos de escola dificilmente são mantidos por um tempo além da época existente, mas quando se para pra recordar, subitamente vem à memória as melhores lembranças, os coraçõezinhos iguais no tênis, a promessa de ir ao Faustão comentar no arquivo confidencial, o "se alguém mexer comigo, eu corro e tu bate", as ofensas defendidas, os desabafos na bis burguer, as intrusas no posto orla, a foto roubada do caderno pra se guardar de recordação, as saudades e as saudades. E por mais que sejamos "donos" de nossas próprias vidas, nem tudo está sob nosso controle, por mais inconsequentes ou não que sejamos, o tempo não faz perguntas e quase tudo foge do nosso alcance (deixando claro que isso nada tem a ver com predestinação, pensar assim é o modo mais egoísta de atingir o Criador.).

Lembranças trazem dor, a dor da saudade e apesar disso sempre será boa relembrar esse dia.

Eu poderia passar horas falando de todas as lembranças, porém o cérebro apesar de representar apenas 2% do corpo, ele é bastante extenso e isso levaria um bom tempo até que se trouxesse à memória todas as coisas.

Chega uma época em que nos damos conta de que tudo o que fazemos se transformará em lembrança um dia. É a maturidade. Para alcançá-la, é preciso justamente já ter lembranças  (Pavese)

Confesso: Aprender a ser tolerante tem sido um desafio e tanto. Tentar enxergar nas pessoas o melhor de suas diferenças e ir ainda mais alem, aceita-las, é um desafio ainda maior. Ouvir o que o outro tem a dizer e se calar quando mesmo assim não concorda, nossa como isso é difícil.
Tenho descoberto a manutenção do individualismo de cada ser e a perfeição limitada dos seres humanos, por mais qualidades que alguém possa impor diante de vários setores não o pode fazer sempre e em tudo. O fato das pessoas serem diferentes em vários aspectos traz como consequência atrito de valores, leis pessoais são diferentes de leis sociais.
Todos temos limites e a mente humana tende a caricaturizar pelas atitudes dos que estão a nossa volta.
No passado a palavra tolerância designava uma função negativa, hoje em dia é considerada uma atitude de grande virtude que nos leva a aceitar e reconhecer as diferentes opiniões, porém não é uma liberdade total.
A invasão do alheio, a incapacidade de compreender temperamentos diferentes, falta de empatia; todos estes são fatores que ultrapassam o limite da tolerância e demonstram nossas limitações manifestas no modo como nos relacionamos com as pessoas, levando-nos a conhecer os limites alheios em vez de reconhecer os próprios. Nossas atitudes assumem um caráter imutável do nosso eu.
Por isso é tão essencial aprendermos a observar a realidade pessoal de cada um e procurar compreender em si os limites próprios, dentro do diferencial de cada pessoa.

"A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos."

Mahatma Gandhi

A existência precede a essência.

A essência é o fundo do ser, e existência o fato de ser.
Husserl afirmava haver a inseparabilidade da essência e da existência.
Todos escolhemos viver ocupando-se de algo, um propósito; existir e consistir. A vida, aquela substancia primeira que nos foi dada, porém não foi nos dada feita, é preciso ser escrita e pra isso temos que lhe preencher de valores, não valores materiais aqueles que colocamos enumerados como conquistas com maior aceitação da sociedade, mas valores morais.
Precisamos atualizar a essência e isso se faz na existência. A vida é muito mais que rotina, ela é essência, é determinismo, é sentido e melhor, é livre-arbítrio. Temos que estar inteiros no que fazemos e somos, consentir nos ditames da vocação, não a vocação das profissões, mas a determinação de haver em cada um, um ser melhor e dar valor ao que realmente é importante e digno, ser tudo aquilo que não é preciso estar escrito na lei pra se saber que é correto. Ser melhor do que somos e apenas existir com qualidade, seja na metafísica ou fora dela.

"O nosso eu é edificado pela super posição de estados sucessivos. Mas essa super posição não é imutável, como a estratificação de uma montanha. Levantamentos contínuos fazem aflorar à superfície camadas antigas"
Marcel Proust


Dedico essa postagem a Dani que em suma é alguem de uma
inteligência superior pra mim e nossas
conversas são sempre um novo aprendizado. Exageradamente Kellen
.

Não é preciso ter nexo

É meu diminutivo, impar ou par, impar ou par...
nota afinada de escrever..ler, viver, nascer.
Não é preciso ter nexo
não é preciso ritmo, intimo ou tom..
noite ou dia diz não me perder..
me quer mimada, calçada ou corredor...
Não é preciso ter nexo.
no meu cantinho secreto, do lado esquerdo, no meio ou fim..
é pra mim, por mim e em mim o meu lindo amor.

O que será que será

É meio complexo o porte de cada um em relação a sentimentos e em que hipótese cada caráter sentimental se formou, os fatores que tornou alguém infiel, intenso, frio ou calculista.
Eu diria ate que sentimentos são meio que sensações criptografadas, cheias de princípios com informações transformadas de forma ilegível que possa ser conhecida apenas por seu destinatário, tornando-se quase impossível de ser lida por alguém não autorizado. Parece meio robótico, mas a razão tem dessas coisas.
Queria eu não ter uma visão tão turva em relação ao amor, por exemplo. Parece-me sempre um sentimento sofrido que tanto luta pra durar. Sentimento este fixo, sentido todos os dias, de preferência de segunda a segunda, mas que na maioria das vezes não é lembrado nos momentos de crise. Muitas pessoas passam uma vida tendo amado uma vez só, talvez não porque o outro marcou ou foi inesquecível, mas por não querer passar pelos mesmos desastres duas vezes. Afinal, é bem fato que seres humanos possuem apenas um coração e seria até desumano ter dois e partir ambos.

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."
Carlos Drummond de Andrade