segunda-feira, fevereiro 27

Rua sem nome

Não me procure, porque você não vai me achar.
Mas se quer saber onde:
Eu estou onde você estava quando eu precisei e também não achei.

Coisas que só a gente entende

O coração desnorteia o cérebro.Porque a gente se esforça pra não sentir, e a razão diz: você aí do lado esquerdo do peito, fique quieto, agora é a hora de se calar, as coisas precisam recomeçar e o tempo precisa sarar o que está doente, você está desvanecido, se parar, tudo para.
O coração sabe o que sente e sabe quando vai parar, sabe a hora de se calar e não há momento mais sofrido pra ele do que este.
Há um ditado que diz que os olhos são as janelas da alma, mas muito mais que isso, são a porta de saída da dor. É pelos olhos que o coração mostra o quanto precisa dar um tempo nas emoções.
E o coração se ergue e percebe que houve luta dentro de si.
Senta em frente ao mar, compara-se a toda aquela imensidão e se permite chorar.
Derramar-se até se encher de vigor e viver de novo e voltar a fazer o que se espera dele: bater e sentir.

quarta-feira, abril 20

Descontentamento

Hoje eu acordei convencionalmente diferente. E sinceramente,adiverbialmente em excesso, não gosto muito quando isso acontece. É um momento em que eu fico ocupada de mais observando o ser humano e o porquê de algumas coisas desnecessárias. Por que tanta indiferença se a única coisa que isso traz é distância do igual. Penso que penso e me perco.

"Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura."Eça de Queirós

terça-feira, abril 19

Pura poesia

Vejo as pessoas tateantes num mundo em escuridão
Vivem sem motivo e, sensíveis, não vêem sua condição
Querem provas, procuram encontrar a razão para o existir
Iludidas se esforçam, planejam, edificam pra destruir
Fingindo alegria pra tristeza ocultar
Perdidas no vazio pra felicidade encontrar
Criam mitos pra tentar se convencer e viver
Vejo as pessoas enganadas em busca da salvação
Confiando em si mesmas, seguem sem rumo, sem direção
Como vês tudo isso passivo, distante, sem intervir?
Te questiono, Te busco, insistente, desejo Tua voz ouvir
Mas é no Teu silêncio que eu consigo Te encontrar,
Tranquilizar minh'alma e, no teu descanso, descansar
De mim mesmo eu consigo desistir e seguir
Seu sossego traduz o poder que eu não sei entender
Nele encontro o segredo, vida e forças pra vencer
E é na Tua ausência que eu posso te encontrar,
Tranquilizar minh'alma e, no teu descanso, descansar
De mim mesmo eu consigo desistir e seguir

Para noia, para!

Os olhos mostraram que fechados não se viam um ao outro e outros em outra parte.
A sátira alterou o enredo e zombou do costume de mudar a história.
As unhas desfeitas se fizeram rainhas de um rei Nando, o maior de todos.
A ventania ensinou que só a vê quem vê de fora e só a sente quem está dentro.
O velcro resolveu se fechar pra sempre, sem abrir exceção e ai de quem remeNdiá-lo depois de quebrá-lo.
A vitrine atraiu o cliente, que atrai o vendedor, que distrai o cliente da chatice que é n ser livre pra ver.
E o todo se fez tudo quando soube de quem não sabia de nada pra se mostrar absoluto na causa do saber

quarta-feira, abril 6

Anexo sem nexo





 ...algo sem nexo é ir ao velório e segundos depois ir a uma festa, dizer que está triste dando risada,

responder por si só o que cabe ao outro, resolver tudo em um só ato. Nexo não é se acabar de dor do mundo; é ver o mundo se acabar de dor, entrar em luto por respeito a dor alheia e esperar que tudo passe por ser incapaz de resolver tudo em todos os possíveis atos, é mostrar mais amor e menos covardia.
"...há um oásis no incerto..."

terça-feira, abril 5

Limiar














Depois que aprendi a tecer descobri que pra saber tudo era preciso saber crer
E se eu não souber ver? E se eu não quiser ter?
Preenchi requisitos,ultrapassei todas as metas
Tornei-me erudita sem precisar usar setas
Segui regras
Fiz de frente pra uma janela sem vista
Atei todos os nós, descobri todas as pistas
Transformei os fios da urdidura e os da trama em largura
Conjulguei o entrelaçar, escrito em papel timbrado só pra ter que rimar
Expressei em todos os tempos e no pretérito imperfeito cuidado só pra fazer amar
Viajei em mestrado num ambiente esgotado
Fiquei conhecida mestre com o tear incitado
Havia contato com a obra deixando cair toda sobra
Até que perdi
Quebrei valores, provei desamores
despedi-me da obra e me abati
Lembrei ter diploma num mercado mioma
Onde tudo é jacaré, lutam uns com os outros até dar no pé
E depois da algazarra fazem da lembrança piada
Até te mostrar que quem vence é quem tem brandura,
a melhor capa dura
e a mais rápida virada.